Primeiramente, você já viu uma calçada assim em algum lugar?
Deixa eu adivinhar a sua resposta: Muitas vezes né?
Infelizmente ainda vivemos em uma realidade onde é preciso pensar em inclusão. Na realidade perfeita, teríamos espaços automaticamente acessíveis a todos. Lembrando que quando tratamos do assunto de acessibilidade, não falamos apenas de pessoas com deficiência física, mas também daquelas com mobilidade reduzida, que pode ser permanente ou momentânea, idosos, gestantes, mães com crianças de colo, obesos…
Na hora de projetar é ideal pensar em todos os tipos de pessoas, e também em dificuldades que elas possam vir a ter, para solucionar esses problemas antes que eles sequer existam. Há regulamentações que especificam medidas mínimas para que os ambientes sejam inclusivos, que precisam ser seguidas para que um cadeirante, por exemplo, possa conseguir realizar todas as manobras que precisa, com segurança e facilidade para se locomover.
Além disso, existem outros fatores arquitetônicos que podem ser incluídos, para garantir a acessibilidade de outros tipos de limitações. O piso tátil por exemplo, direciona as pessoas com deficiência visual, além de alertá-las a possíveis perigos a frente, evitando acidentes.
O ideal para uma calçada, é que ela tenha um tamanho de passeio adequado para as pessoas circularem livremente, incluindo cadeiras de rodas e carrinhos de bebê, e mais que importante, sendo livre de obstáculos.
Implantar sinalizações para pessoas cegas e surdas também é necessário. Ademais, projetos que transferem experiências sensoriais, trazem além de benefícios para a saúde, a melhor integração dessas pessoas a sociedade.
Um outro tema que está, felizmente, entrando mais em debate ultimamente, é o autismo. Por ser manifestar de diferentes formas em cada indivíduo, as vezes é difícil adaptar espaços para atender as necessidades dessas pessoas, porém, algumas características em comum, já nos permite entender melhor o que elas precisam, e tornar o ambiente mais receptível a elas. A conscientização a respeito do assunto também cresce cada vez mais, e o diagnóstico sendo mais precoce, nos possibilita projetar espaços que auxiliem, até mesmo, no melhor desenvolvimento das crianças autistas.
Lembrando que todos os espaços já existentes, também podem ser adaptados, mesmo que por períodos limitados. Mas é extremamente essencial, que mais políticas públicas de acessibilidade sejam discutidas e implementadas. Afinal, todos tem o direito de utilizar os mesmo espaços, isso sim é inclusão.
Veja alguns exemplos de elementos arquitetônicos inclusivos:
Nesse primeiro exemplo, vemos duas opções de deslocamento unidas em um mesmo elemento arquitetônico, garantindo a acessibilidade.
Um parque infantil inteiramente acessível. Repare que até o piso é inclusivo, ao mesmo tempo que é criativo e lúdico, ao direcionar as crianças com as figuras de patas animais e texturas diferentes no chão.
Esses equipamentos podem ser instalados em parques infantis públicos ou escolas.
O ideal é que as calçadas tenham pelo menos 1,20m de faixa livre para circulação, e rampas de acesso nas faixas de pedestres.
Nessa escola, as rampas de acesso se unem ao partido do projeto. Lembrando que as medidas devem ser adequadas, com largura mínima de 90 centímetros, e inclinação máxima de 8,33%, para que os cadeirantes consigam subir sem muitos esforços.
Neste projeto residencial, que podemos utilizar como referência, a rampa que dá acesso ao pavimento superior, também permite o acesso a estante de livros. A acessibilidade pode sim ser aliada ao design, criando espaços bonitos, inclusivos e eficientes.
Os pisos táteis podem ser os tradicionais ou incluídos no projeto de forma criativa, como já citado, utilizando até mesmo materiais naturais para definir os espaços.
Adicionar a linguagem em braile nas placas de informação, também facilita os deficientes visuais se localizarem e tirarem dúvidas de forma mais independente.
Os jardins sensoriais podem ser implementados em praças públicas, escolas e locais educativos. Traz várias vantagens para todos, principalmente crianças, autistas e deficientes visuais, permitindo a experimentação dos sentidos com diferentes texturas, aromas e sons.
Hoje em dia, muitos lugares, como shoppings, e até supermercados, estão se adequando para permitir a entrada de pets em seus espaços. Nada mais empolgante do que levar nosso melhor amigo para um passeio onde quer se que seja não é? Mas para quem tem limitações visuais, eles mais que amigos, são os olhos de seus donos.
E falando em adaptação, alguns cinemas estão organizando sessões especiais para autistas, com regulagem acústica e visual, para deixar o ambiente mais confortável para as pessoas que estão no espectro.
Os deficientes auditivos dependem muito do visual, então itens como boa iluminação, escolha assertiva de cores e layout são muito importantes. Os espaços podem ser adaptados pensando nas proximidades uns com os outros, pois precisam enxergar os movimentos de libra ou de leitura labial para se comunicar. Quanto menos objetos que impeçam a visão, melhor. A acústica também é um fator importante para se considerar, apesar de não ouvirem os sons, eles podem sentir as reverberações de aparelhos e outros elementos, que podem incomodar.
Você já tinha pensado, que um simples detalhe, como esses citados, pode fazer muita diferença na vida dessas pessoas? Se você tem espaço que recebe o público, reflita em como você pode melhorá-lo para atender o máximo de diversidade de pessoas possível. Arquitetura inclusiva é empatia.