Escolher uma roupa de cama nova, um quadrinho novo para parede, um souvenir novo para estante…são atividades comuns para muitas das pessoas, porém muitos brasileiros ainda não tem nem um teto para se abrigar da chuva quem dirá estante para enfeitar. Desde a declaração Universal dos direitos humanos nos meados do século XX, o direito à moradia passou a ser um direito FUNDAMENTAL de todos os cidadãos, porém ainda assim, se encontra um número enorme de pessoas sem esse direito cumprido.
Ter uma moradia não se limita apenas a quatro paredes sob um teto, mas sim das necessidades básicas atendidas, de locais salubres que são essenciais para sobrevivência básica, como energia elétrica, saneamento básico, coleta de lixo, e acesso a educação, saúde, mobilidade urbana, lazer e segurança. A declaração menciona que toda pessoa tem direito “a um padrão de vida capaz de assegurar a si e sua família, saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e serviços sociais indispensáveis […]” .
É claro que existem diversos fatores que levam as pessoas a habitar as ruas, construir cortiços e dar início as favelas, porém tudo isso parte de um princípio, de que o nosso Estado e governo não consegue suprir a garantia de moradia a todos, que deveria ser obrigatória.
Em busca de dar proteção a família, um teto, um lugar para dormir, muitas pessoas acabam improvisando suas “casas” da forma em que é possível, diante das condições em que elas se encontram.
Para isso, buscam lugares irregulares para habitação, que possuem uma certa proximidade com o centro, pois os programas existentes, e por sua vez, escassos, de habitações de interesse social para as pessoas de baixa renda, infelizmente são projetados para as áreas periféricas da cidade, longe de toda infraestrutura que o ser humano precisa para sobreviver.
Enquanto isso, nos grandes centros nos deparamos com grandes vazios urbanos, locais abandonados, insalubres, que não cumprem sua função na sociedade, e que muitas vezes, viram estacionamentos para “abrigar” a classe média, que vai até centro para fazer compras e uso de serviços variados disponíveis em abundância nessa região. Assim, esses espaços são vendidos para quem realmente interessa, gerando uma grande rede de especulação imobiliária, que só fortalece e beneficia aqueles de alto poder aquisitivo, que cobrem quaisquer impedimentos nas regulamentações de construção.
É necessário e urgente o desenvolvimento de mais projetos de habitações, que visam resolver as necessidades essenciais de pessoas em situações de rua, ou de condições insalubres, e que garantam a elas o que lhes é direito: o mínimo para se viver. Com revisões mais rígidas que coloquem esses planos em prática e que traga privilégios a todos, e não se limite a uma classe, além da conscientização da população a respeito de temas que deveriam ser de conhecimento de universalidade, porém, em um país onde reina a corrupção, o acesso a informações que beneficiam a maioria desprovida de riqueza, fica embaixo do tapete, fazendo uma massa alienada, acreditar que todos possuem as mesmas oportunidades e o que lhes falta é esforço para alcançarem o que desejam, enquanto muitos só desejam viver em condições decentes, na qual uma estante com enfeites é apenas um sonho distante.